quinta-feira, junho 30, 2005

"não quero ser triste
como o poeta que envelhece
lendo Maiakóvski
na loja de conveniência
não quero ser alegre
como o cão que sai a passear
com o seu dono alegre
sob o sol de domingo
nem quero ser estanque
como quem constrói estradas
e não anda
quero no escuro
como um cego tatear estrelas distraídas"

Zeca Baleiro, trecho da música "Minha casa"

domingo, junho 26, 2005

O poder da música

Mais do que filmes, as músicas são verdadeiras operadoras de milagres.
Neste meu domingo, elas já fizeram vários... principalmente no meu humor. Ele não anda muito bem das pernas, sabe. Sua saúde está “mao-meno”. Uma vez, meu querido amigo Nei Duclós, na época meu editor, me perguntou se eu não estava saindo pra dançar. Perguntei por quê. “Seu texto está sem ritmo”, o poeta me respondeu. Nei, eu diria agora que minha vida anda sem ritmo. É por isso que toda vez que me entrego às canções, ela começa a fazer mais sentido pra mim. O mestre sempre tem razão.

Foram várias as santas do dia, mas só vou destacar algumas. Não por nada. Só pela melodia, pela simplicidade, pelo inexplicável que despertou em mim:

Lion sleeps tonight, Beach Boys
In the jungle the mighty jungle the lion sleeps tonight.
Near the village the peaceful village the lion sleeps tonight.
Hush my darling, don’t fear my darling. The lion sleeps tonight.

Days like this, Van Morrison
When it's not always raining
there'll be days like this (...)
When you don't need to worry
there'll be days like this (...)
When you don't need an answer
there'll be days like this (...)
Well my momma told me
there'll be days like this

What am I to you, Norah Jones
What am I to you
Tell me darling true
To me you are the sea
Fast as you can be
And deep the shade of blue

Me gustas tu, Manu Chao
Me gusta la moto, me gustas tu.
Me gusta correr, me gustas tu.
Me gusta la lluvia, me gustas tu.
Me gusta volver, me gustas tu.
Me gusta marijuana, me gustas tu.
Me gusta colombiana, me gustas tu.
Me gusta la montaña, me gustas tu.
Me gusta la noche, me gustas tu.

Dancing Queem, Abba
You can dance
you can jive
having the time of your life

Minha história, Chico Buarque
Quando enfim eu nasci, minha mãe embrulhou-me num manto
Me vestiu como se eu fosse assim uma espécie de santo
Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me ninava cantando cantigas de cabaré, laiá, laiá

Love actually is all around

“Sempre que me entristeço com o mundo, penso nos portões de chegada do Aeroporto de Heathrow. Dizem que vivemos num mundo de ódio e ambição, mas eu não acho. Sinto que há amor em todo lugar. Nem sempre algo que valha alguma manchete, mas está sempre ali. Pais e filhos, mães e filhas, maridos e mulheres, namorados, namoradas, amigos antigos. No atentado às Torres Gêmeas, os recados de quem estava nos aviões não foram de raiva. Eram todas mensagens de amor. Se procurar, creio que descobrirá que o amor simplesmente está em toda parte.”

Lido assim, sem imagens, esse texto não tem muita graça. Mas na abertura do filme “Simplesmente amor”, escrito e dirigido por Richard Curtis, ele fica bem bonitinho. E se estiver com tempo, paciência e for uma romântica incurável como eu, é bem capaz que no final vai querer voltar ao início só pra rever essa primeira cena. “Simplesmente amor” é uma típica comédia romântica americana, e descontando as mensagens subliminares e ideológicas, é perfeita para um sábado à noite, esteja sozinho ou acompanhado. Na primeira das hipóteses, há grandes chances de passadas as duas horas do filme, você esteja um pouco mais feliz (como no meu caso e por isso a película mereceu esse espacinho). Na segunda situação, é provável que queira agarrar o seu companheiro de sofá.

O legal do filme é a diversidade que ele traz e, claro, óbvio e evidente, o fato de ter Rodrigo Santoro no elenco, talvez em sua pior perfomance, mas quem se importa (suspirosss, rs).

No filme, o amor se manifesta de várias formas, em diferentes lugares. O novo primeiro-ministro inglês se apaixona por uma funcionária de seu staff. Um escritor se refugia no sul da França para curar seu coração e acaba encontrando o amor dentro de um lago. A mulher bem casada suspeita que seu marido a está traindo. Já a recém-casada suspeita dos sentimentos do melhor amigo do marido por ele. Um menino deseja chamar a atenção da garota mais inatingível da escola. Um viúvo tenta se relacionar com o enteado que mal conhece. A americana há muito tempo espera sair com o colega de trabalho por quem é perdida e silenciosamente apaixonada. O astro do rock, em final de carreira, tenta o retorno ao show business. São vidas, amores e histórias que se misturam na linda cidade de Londres e que, lógico, acabam bem na noite de Natal.

Mais um produto da indústria cultural que cumpre o seu papel. Tirou uma jovem garota de seu estado sorumbático no solitário sábado à noite, à base de três diferentes princípios ativos contra a gripe, tosse e resfriado, e a deixou cheia de vontade de comprar o CD com a trilha sonora. Eeeeeba!!!

domingo, junho 19, 2005

Salve Cartola!

Acabei de ter uma grata surpresa. Descobri que meu irmão, figura maravilhosa que eu amo, mas pessoa de gosto musical por vezes duvidoso, baixou no Kazaa músicas do Cartola. Em homenagem a ele e à sua capacidade de me surpreender sempre, reproduzo a letra da linda "Peito vazio":

Nada consigo fazer
Quando a saudade aperta
Foge-me a inspiração
Sinto a alma deserta
Um vazio se faz em meu peito
E de fato eu sinto
Em meu peito um vazio
Me faltando as tuas carícias
As noites são longas
E eu sinto mais frio
Procuro afogar no álcool
A tua lembrança
Mas noto que é ridícula
A minha vingança
Vou seguir os conselhos
De amigos
E garanto que não beberei
Nunca mais
E com o tempo
Essa imensa saudade que sinto
Se esvai

sexta-feira, junho 17, 2005

Cadê o Zé?

Mensalão pra cá, CPI pra lá e uma dúvida paira no (meu) ar. Cadê o José Alencar? Nenhum jornal, revista ou site que costumo ler, responderam. Será que eles ao menos perguntaram?

quinta-feira, junho 16, 2005

A outra metade da laranja

"A mitologia grega diz que antes do aparecimento do homem e da mulher havia seres andróginos felizes em sua inteireza. Uma dia, um deus enviou um raio que dividiu esses seres em dois. Esses seres só ficam felizes quando se encaixam. É por isso que você e eu passamos a vida atrás de nossa outra metade."
Maria Sérgio Cortella, filósofo e professor da PUC-SP

quarta-feira, junho 15, 2005

A maravilha de se estar solteira aos 25

A revista TPM é um luxo, a melhor revista feminina do país. Nunca me arrependo de comprar mais uma edição. Pelo contrário. Sempre me pergunto por que ainda não assinei a bendita. A sensação agora é a mesma, talvez até um pouco melhor. Desta vez, só quero saber por que demorei 15 dias pra comprar a edição de junho. Enfim, vamos aos fatos.

A chamada de capa me chamou a atenção: "Por que ainda precisamos desesperadamente casar?" Esse assunto tem me perturbado bastante nos últimos tempos. Não que eu queira me tornar uma dona patroa. Não agora, pelo menos. E juro que não deixei a imagem de Santo Antônio de ponta cabeça no último dia 13. O que tem me incomodado, e muito, é o aumento da cobrança. Estou há quase dois anos sem namorado (fixo, é claro) e meus tios mostram-se cada vez mais preocupados comigo e aflitos com essa minha condição de moça sozinha. Por quê? Se todos experimentassem me deixar um pouco em paz e, em vez de fazer perguntas idiotas, pagassem uma parte das minhas contas (as mensalidades da pós-graduação já estaria de bom tamanho), minha conta bancária estaria bem menos vermelha. E as festinhas de casamento, então? De dezembro pra cá, fui em três. Adoro casamentos, choro em todos, a marcha nupcial, de verdade, me arrepia, mas eu juro, em nenhuma das três festinhas passei ilesa. Sempre tinha o engraçadinho pronto pra fazer o comentário sacal: “a próxima é você, hein”. Irritante! Gi, minha amiga, você é que está certa. Melhor evitar esse tipo de evento social.

Mas voltando à revista, um texto em especial me tocou e já me convenceu que eu não poderia ter empregado melhor os meus R$7,50. Ele conseguiu traduzir em palavras muito do que tenho sentido, do que tenho pensado e do que considero que vale a pena acreditar. A identificação foi grande, a tal ponto que conseguiu me tirar da cama enquanto lia e me fez pular no computador para reproduzi-lo aqui. Talvez mais gente esteja precisando ler também. Sei lá.

A autora é Antonia Pellegrino, roteirista da novela “A lua me disse”. O título é “Non-stop emotion” e o texto diz assim:

“Aos 25 anos, estar solteira não é um entreato do amor, mas uma maravilha. Espécie de carnaval fora de época em que não existe o último beijo, o último gole, o último grito. É não ser responsável e ter que responder por isso, non-stop emotion, living la vida loca. Não sei se sob outras condições eu seria tão categórica ao dizer: sim, estou solteira e feliz. Quem se ajoelha no altar do amor, dele não se levanta com facilidade. O amor é um deus exigente e vaidoso, cada flechada do cupido vale o vício sublime de amar e a sentença do exclusivismo. E o melhor de ser solteira é não louvar um só deus.

Para o coração vagabundo do solteiro amor é moda, é passageiro, é consumista. Breve, sem promessas de eternidade. O sexo é sexo. Seja com desenvolvimento de trama, “e aí”, sexo com narrativa. Ou seja, grátis e por hoje, fútil, feito sob encomenda para quem deseja se casar num outro cartório, trocar alianças com o trabalho.

Se você der sorte, aquele momento em que todos a elogiam, momento este em que você encanta Vênus de frente, acontece enquanto você estiver solteira. Espécie de boom econômico, do dia pra noite você administra inúmeros gatinhos. Aproveite, isso é uma fase – ninguém tem saúde para manter o tom arerê tão lá em cima.

Se você tiver disciplina, saberá reverter a energia ora dispensada num relacionamento em cultivo de si, em capitais próprios e inalienáveis, necessários à construção do que há de mais fascinante em qualquer pessoa: um universo.

Estar solteira é uma fase, um estado. Um estudo da diversidade de emoções que os outros suscitam. A boa solteira faz uma vanguarda de si mesma. Experimenta-se. E, nesse processo de descobertas, paradoxalmente, torna-se mais afinada ao próprio desejo de amor. De alguma forma, estar solteira é um treino para a maratona do amor... Que virá. Amor é vício, ninguém agüenta longas jornadas em falta, dá crise de abstinência.”

P.S. E sim, eu tenho 25 anos. Aliás, essa fase dos vinte e poucos é, como diria a minha amiga Gi, elegante.

sábado, junho 11, 2005

O quê que a Bahia tem?

Na Bahia eu perdi a cabeça. Esqueci (desisti) de tudo o que aprendi. Descobri quem eu era. Me aguarde, terra abençoada. Tô chegando.

sexta-feira, junho 10, 2005

A insustentável leveza do 'meu' ser

Cada pessoa que entra hoje na minha vida parece ser eterna.
Cada uma delas é um oceano, um mar de ilusões no qual mergulho não sem medo.
A intensidade com que vivo cada uma é tão impressionante quanto a rapidez com que elas vão ou como a maneira como as mando embora.
Cada fim, independente da maneira como acaba, é um buraco no meu coração.
Volúvel é hoje o estado natural do meu ser.
"Eu perco a hora, eu chego no fim, eu deixo a porta aberta, eu não moro mais em mim."

terça-feira, junho 07, 2005

Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor
Deus ao mar o perigo e o abismo deu
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa

domingo, junho 05, 2005

Por quê?

Por que é tão difícil ser feliz? Por que é tão difícil ser livre? Por que magoamos quem a gente ama? Desculpe, não era a minha intenção. Não espero que me perdôe. Só quero que saiba que é verdade tudo o que eu disse.