Sonho urgente
Algumas pessoas, quando falo do meu desejo (muito perto de se realizar) de morar sozinha, arregalam os olhos e me perguntam: Por quê?!?!?!?! Sempre exponho muito calmamente cada uma das razões e vantagens, mas hoje, se algum ser vivente me fizesse essa pergunta, eu responderia com uma pequena historinha, seguida por outra pergunta:
Imagine-se saindo do trabalho dez minutos mais cedo, louca para chegar em casa umas 19h30, tomar um banho e continuar trabalhando, desta vez nas suas atividades pessoais. Seu irmão, que sempre chega às 22h, só por hoje, no dia em que seu início de noite estava friamente calculado, resolveu passar mal no trabalho e chegar mais cedo. Urgh!! Mas em vez de estar de cama, está no computador e bufa quando você dá a ele a feliz notícia de que ele tem, no máximo, meia hora para dar o fora dali, sem pestanejar. Ele vai pra sala, aumenta o volume da tevê, com o objetivo mais infantil e claro do mundo de atrapalhar o sossego alheio (o meu, é claro) e sem meias palavras, leva o ventilador junto. Detalhe: está um puta calor, não tenho ar condicionado, refrigerado ou ventilador de teto. Tudo bem, tudo bem. Eu deixo a janela aberta no horário em que os pernilongos adoram entrar, sentar, tomar um café e só levantar as bundinhas da cadeira na hora em que meu sono está mais profundo pra zumbir no meu ouvido. Só que algum adorável vizinho do prédio de trás chegou animado, louco igual a mim, mas não pra tomar um banho e trabalhar, mas pra colocar o cd novo de alguma tatiquebrabarraco da vida pra tocar no último volume. Não dá pra reclamar. Ainda não são 22h da noite. Ainda é direito dele azucrinar los hermanos. Fecho a janela, transpiro aos tufos (pelo menos sauna emagrece), mas consigo me concentrar na leitura e revisão de um texto. Mas meu pai lembrou que tinha roupa pendurada no varal da janela do meu quarto (simmmm, é permitido pendurar roupa do lado de fora do meu prédio) e tenho que destravar a porta sob os protestos dele de “por que você trava a porta?”. Vai tentar explicar que leitura e revisão são atividades que requerem um pouco de paz, de silêncio, de compreensão alheia. Tá bom, prometo que na próxima encarnação eu vou nascer pedreira e não jornalista, e aí o barulho será uma parte inerente à minha vida profissional. Mas por enquanto, ainda preciso do mínimo de decibéis possível enchendo a minha paciência, algo perto ou igual a zero, de preferência. Alguém aí tem um protetor auricular? Ah, lembrei. Não era essa a pergunta que eu faria. Mas: feche os olhos, imagine-se exatamente nessa situação e me diga qual seria o seu sonho nesse momento? Seria morar sozinho, não seria?
Imagine-se saindo do trabalho dez minutos mais cedo, louca para chegar em casa umas 19h30, tomar um banho e continuar trabalhando, desta vez nas suas atividades pessoais. Seu irmão, que sempre chega às 22h, só por hoje, no dia em que seu início de noite estava friamente calculado, resolveu passar mal no trabalho e chegar mais cedo. Urgh!! Mas em vez de estar de cama, está no computador e bufa quando você dá a ele a feliz notícia de que ele tem, no máximo, meia hora para dar o fora dali, sem pestanejar. Ele vai pra sala, aumenta o volume da tevê, com o objetivo mais infantil e claro do mundo de atrapalhar o sossego alheio (o meu, é claro) e sem meias palavras, leva o ventilador junto. Detalhe: está um puta calor, não tenho ar condicionado, refrigerado ou ventilador de teto. Tudo bem, tudo bem. Eu deixo a janela aberta no horário em que os pernilongos adoram entrar, sentar, tomar um café e só levantar as bundinhas da cadeira na hora em que meu sono está mais profundo pra zumbir no meu ouvido. Só que algum adorável vizinho do prédio de trás chegou animado, louco igual a mim, mas não pra tomar um banho e trabalhar, mas pra colocar o cd novo de alguma tatiquebrabarraco da vida pra tocar no último volume. Não dá pra reclamar. Ainda não são 22h da noite. Ainda é direito dele azucrinar los hermanos. Fecho a janela, transpiro aos tufos (pelo menos sauna emagrece), mas consigo me concentrar na leitura e revisão de um texto. Mas meu pai lembrou que tinha roupa pendurada no varal da janela do meu quarto (simmmm, é permitido pendurar roupa do lado de fora do meu prédio) e tenho que destravar a porta sob os protestos dele de “por que você trava a porta?”. Vai tentar explicar que leitura e revisão são atividades que requerem um pouco de paz, de silêncio, de compreensão alheia. Tá bom, prometo que na próxima encarnação eu vou nascer pedreira e não jornalista, e aí o barulho será uma parte inerente à minha vida profissional. Mas por enquanto, ainda preciso do mínimo de decibéis possível enchendo a minha paciência, algo perto ou igual a zero, de preferência. Alguém aí tem um protetor auricular? Ah, lembrei. Não era essa a pergunta que eu faria. Mas: feche os olhos, imagine-se exatamente nessa situação e me diga qual seria o seu sonho nesse momento? Seria morar sozinho, não seria?