quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Mil tsurus e cem anos de solidão

Ler “Cem anos de solidão”, do imbatível Gabriel Garcia Márquez, romance que neste ano completa 40 anos, é como fazer mil tsurus (aqueles pássaros de origami): nossa vida parece se encher de prosperidade. Nós que pareciam indesatáveis começam a afrouxar, pequenas luzes começam a aparecer das frestas de portas que pareciam trancafiadas a sete chaves e até o coração parece bater em um ritmo mais compassado. Na verdade, acho que essas boas sensações já existiam antes de eu não conseguir passar da metade do livro por algumas duas ou três vezes. Mas minha teimosia era maior e meu olhar viciado demais para entender. Mas ao terminar o livro (e durante a leitura), novas perspectivas se abrem, nossa maneira de olhar o mundo se expande e aquilo, nunca dantes enxergado, agora se desvela ali, tão óbvio, como se sempre estivesse debaixo do nosso nariz. E estava.

A dica para quem não conseguiu chegar ao fim é: resistir à barreira que se coloca em algum momento do livro. A minha foi em umas tantas páginas entre a 200 e 300. Mas quando resolvi ultrapassar, a ansiedade por terminar logo foi de novo substituída pelo prazer que apenas cada nova linha consegue oferecer.

Agora, rumo aos mil tsurus. Na minha conta, só faltam 800.

1 Comments:

Blogger ::: Crônicas Impublicáveis ::: said...

demoro a entrar aqui, e quando entro.. grata surpresa, fala do livro da minha vida.

Cem anos de solidão, a mim significou "sem anos de solidão" ao ler, porque encheu-me completamente, habitou-me, enveredou-me em uma casa, lugares e pessoas novas. Gabriel Garcia Marques ganhou minha alma com esse livro. Você bem sabes disso.

Sinto-me completamente Amaranta... sinto-me imensamente daquela família. E começei a arriscar a leitura em espanhol.

quanto aos Tsurus - ótima colocação, sábia como a observadora amiga admiro cada dia mais.

preciso de 1000 tsurus em minha barriga, fazendo a revoada da vida em mim. inspirou-me um pouco mais hoje minha querida


beijo pessoa que mora tão longe.

Gi

20 fevereiro, 2007  

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