domingo, abril 30, 2006

???

de que vale o paraíso sem amor?

terça-feira, abril 25, 2006

mirem e vejam

quero que meus filhos tenham nomes simples
e que sejam três
matias
francisco
e joão
meu pai
meu tio
e guimarães rosa
se meninas
a gente pensa depois

que sejam leves como a brisa da manhã
que não se importem com o pentear de seus cabelos
mas que não deixem de ler os clássicos
os livros fundamentais
que suas maiores preocupações sejam nunca perder a oportunidade de ser gentil e solidário
em casa
na rua
na festa
na escola
no trabalho
no trânsito
ou no metrô

que gostem de dançar
de sorrir
de pensar

que sejam bons pais
bons pares
e que freqüentem bons lugares

que entendam a diferença entre respirar curto e rápido
e devagar e profundo
e o quanto isso influi nos seus comportamentos

que viajem
que planejem
que sejam pacientes
mas que não tolerem injustiças
nem pisões em seus calos
que não dêem a outra face pra bater

que saibam o jeito certo de falar
de se rebelar
e de se expressar
que não magoem
e que perdoem
que não mintam
que não violem
(a não ser que sejam regras que não prejudiquem ninguém)

que sejam felizes
donos de seus narizes
juízes de si mesmos
mas eternos aprendizes
que percebam
e entendam
que tudo no mundo muda
que nada é para sempre

que não sejam arrogantes
que reconheçam no outro
o que de melhor há em cada um
seja ele de cuba
da rússia
do afeganistão
dos estados unidos
ou da tunísia
goste ele de salsa
de samba
de rock
de rap
ou de música clássica
seja ele católico
apostólico
romano
corintiano
petista
iogue
muçulmano
protestante
carola
ou budista tibetano

que sejam sensíveis
mirem e vejam
de olhos abertos ou fechados
que sempre encontrem o melhor jeito de se comunicar
e sejam destituídos de qualquer forma de preconceito
que não sejam autoritários
que nunca tentem impôr nada
nem a democracia

que valorizem seus professores
que sejam completamente contra a violência
seja ela de que tipo for
que não encarem o sexo como algo sujo
mas como um ato de amor
e que usem camisinha
sempre
que identifiquem seus verdadeiros amigos
que não caiam em ciladas irreversíveis
e que eduquem bem seus filhos
meus netos
meus meninos

domingo, abril 16, 2006

momento leminski*

acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido

***

nem toda hora
é obra
nem toda obra
é prima
algumas são mães
outras irmãs
algumas
clima

***

lembrem de mim como de um
que ouvia a chuva
como quem assiste missa
como quem hesita, mestiça,
entre a pressa e a preguiça

***

isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além

***

en la lucha de clases
todas las armas son buenas
piedras
moches
poemas

***

nada me demove
ainda vou ser
o pai dos irmãos Karamazov

***

se
nem
for
terra

se
trans
for
mar

*não! isso não é falta do que fazer.

sábado, abril 15, 2006

perguntas sem respostas...

por que
pessoas
únicas
ímpares
singulares
têm seus nomes
escritos no plural?

sexta-feira, abril 14, 2006

sentimento sem nome

já sentiu saudade de algo que você ainda não viveu?
tem nome pra isso?
perspectiva?
sonho
ilusão?
preguiça?
falta do que fazer?
vontade de te ver... de novo?

quinta-feira, abril 13, 2006

vai e vem

o que faz você
a essa hora acordada
atônita em frente ao computador
porém impávida
sem pensar em nada

tantos questionamentos em desordem
loucos pra submergir
num mar de explicações
plausíveis
cabíveis
tangíveis

respostas
por onde andarão?
se é que vocês
realmente existem
se é que não são meras invenções
dessa minha mente imaginativa
indecisa
indefinida
desiludida
subjetiva

e o amor
essa criação absurda
de algum insone desavisado
alucinado
magoado
embriagado
apaixonado

mais uma hora
e esse sono que não vem

resumo de algumas horas

rãs a mano rubens...
... não comidas
nega fulô
olhares penetrantes
bolo de frutas
definições astrológicas
respiração e coração acelerados
obesa vestida de bujão de gás
não, de túnica vai
irmão do max fivelinha
viagem "perigosa"
divertida
e cheia de curvas
para a terra do mano rubens

doces horas

Como foram
exíguas
parcas
minguadas
efêmeras
as horas
ao seu lado
naquele dia

Mas
como foram
lúbricas
febris
cativantes
desvairadas
as horas
ao seu lado
naquele dia
em que
sua saliva
foi (a) minha

mais um texto do meu anônimo preferido...

Olhe ao redor

Tenho um amigo que sempre me diz:
Olhe para o lado, repare em quem está ao seu redor. Preste atenção nos olhares que dirigem a você, por mais discretos que sejam. E não tenha medo de encara-los, quando, finalmente, você os notar. Você vai se surpreender com a quantidade de vida que a rodeia. Pare de viver do passado, de repetir sempre as mesmas histórias. E como escreve outra amiga, quem faz o seu horóscopo é você.

Perceber sentido nisso tudo dá uma sensação absurdamente boa. A gente descobre a própria capacidade de fugir dos lugares comuns, de encontrar novos brilhos e sorrisos, de confirmar que os amigos nos falam mesmo a verdade.

Talvez eu tenha encontrado, enfim, um novo olhar.
Talvez não.
Mas o que sinto hoje, agora, neste instante, já vale muito a pena.

“já falei tantas vezes
do verde nos teus olhos
todos os sentimentos me tocam a alma
alegria ou tristeza
se espalhando no campo, no canto, no gesto
no sonho, na vida
mas agora é o balanço
essa dança nos toma
esse som nos abraça, meu amor...”

milton nascimento, na voz de maria rita

sábado, abril 08, 2006

naquela estação...

e o meu coração
embora
finja fazer mil viagens
fica batendo
parado
naquela estação

adriana calcanhoto

terça-feira, abril 04, 2006

sem medo de dizer

terça-feira, 4 de abril, 8h28 da manhã e um aperto gigante no coração.

segunda-feira, abril 03, 2006

crença desmedida

acredito no infinito, no pote de ouro no final do arco-íris, no que está do outro lado da linha do horizonte e que meus olhos não podem ver...

acredito nas pessoas que passam sem deixar pistas aparentes.
elas sempre tem algo a ensinar.

acredito em cada pensamento mal construído,
em cada sentimento mal resolvido,
em cada mal entendido.
eles me ajudam a construir, a resolver, a entender.

acredito em cada segundo de silêncio, embora ainda não os consiga compreender.

acredito em mim e na força que brota do nada,
pra me proteger.

de um anônimo*

Lascívia, que visita maravilhosa,
seja bem-vinda,
entre, sente-se, fique à vontade

Só não repara na bagunça
que meus sentimentos são essa confusão mesmo,
desejos latentes mal empilhados
com formalismos morais esparramados
e meu coração perdido em uma gaveta,
batendo inseguro

Por isso eu peço,
se de sua vontade for,
deixa de lado essa conduta de conviva educada
e despeja sobre mim sem pudor
esse arsenal de sorrisos ultrajantes,
olhares insinuantes e prender de cabelo despreocupados.

Quero de uma vez decodificar suas intenções,
criptografados por gestos serenos e comedidos,
que em mim encontra terreno fértil para devaneios sem fim;
dissipa-me o quanto antes essa deliciosa agonia da dúvida,
de que (não) está sendo tudo um flerte mal entendido.

Assim, quem sabe, da próxima vez,
eu reúna coragem para falar:
Já vai?
Fica mais um pouquinho...

* alguém passou por este humilde blog sem se identificar e deixou pra mim este texto lindo.
desculpe, anônimo, tomei a liberdade de publicar.